Foi no final do ano passado que me falaram pela primeira vez desse livro do jornalista Gay Talese (nossa, que coisa mais cool, hein, um texto sobre um livro de jornalismo literário no disque p?). Imediatamente, fiquei curioso. A obra parecia bastante interessante e prometia render muitas idéias a serem desenvolvidas aqui no blog, afinal "Se com uma lida de 'Snuff', um livro de ficção sobre um filme pornô, consegui escrever um texto que considero relativamente interessante, porque não com um livro todo que fala sobre comportamento sexual?", pensei eu. Então, depois de esperar um tempo, terminei hoje a leitura desse livro.
Bastante interessante e ilustrativo, o livro descreve fatos como ficção, algo típico do jornalismo literário, e dá nome às pessoas que fizeram a revolução sexual nos Estados Unidos na era pré aids: ele começa falando sobre uma foto de uma moça, Diane Webber, a mulher que mais fez nus naqueles tempos em que seu avô ainda transava com a sua avó para fazer filhos, então segue e nos apresenta o jovem Hugh Hefner e mostra como ele criou seu império e se tornou um dos homens mais invejados do mundo; além dos nos apresentar em detalhes as comunidades nudistas pioneiras em troca de casais, seus membros fundadores, suas origens filosóficas e idéias como liberdade e igualdade sexual, além de nos mostrar as inúmeras batalhas legais que foram travadas até permitirem que hoje pudéssemos escrever nesse blog sobre o que escrevemos sem sermos acusados - pelo menos pela lei - de sermos obscenos e terminarmos presos por isso.
Talese não apenas escreve sobre o que pesquisou em livros ou em entrevistas, ele escreve o que ele viveu e experimentou - e isso é um baita de um spoiler, mas tudo bem, o livro fez 31 anos esse ano, mais velho que qualquer um que vá ler esse texto, acredito eu. Mas fato é que, entre as salas de massagem e os campos de nudismo, o escritor nos apresenta os homens e mulheres que lutaram pela liberdade de fazer o que quisermos com nossos corpos e nos desprendermos das idéias de posse, de repreensão sexual e aceitarmos que todos podemos e devemos experimentar viver do jeito que quisermos - nossa, que coisa de auto ajuda, talvez não seja isso que o livro queira dizer, na verdade, mas em partes ele nos mostra como, por causa de tudo o que aconteceu a essas pessoas, hoje as moças não têm que esconder que são seres sexuais, que se masturbam quando sentem vontade e que gostam de fazer sexo. O livro mostra que os homens e as mulheres, desde os anos 80, aprenderam a aceitar melhor esse fato. E viva a essas pessoas!
Antes de ler "A mulher do próximo", pensei que essa, talvez, seria uma fonte inesgotável sobre o assunto e que eu seria capaz de comentar sobre cada um dos aspectos do livro numa super postagem no blog, mas não é bem assim que a banda toca. Não é mesmo. Está cada vez mais difícil, para mim, escrever qualquer coisa. Algo que me agrade, então, é quase impossível e, quando ela acontece, existe algo que me faz pensar que talvez fosse melhor não ter escrito, que talvez o mundo poderia ter sido melhor sem esse aborto de idéias. Sinto muito a todos os que esperavam uma postagem magnífica sobre o livro fantástico do Talese, acredite, no entanto, que vale muito mais a pena ler a obra e, assim, tirar suas próprias conclusões.
Diane Webber em uma das escassas publicações do tempo em que sua avó transava.
Hugh Heffner, o mito, o homem, o Playboy - no bom sentido da palavra(?).
Gay Talese, que mostra no livro que de Gay só tem o nome.