No final da tarde daquela sexta-feira, 3 de agosto de 2012, fui ao banheiro dar a última cagada em horário comercial e esqueci meu computador desbloqueado. Um erro honesto que, geralmente, tinha como consequência apenas um Vampeta pelado como papel de parede. Senti um fio de suor gelado descendo pela minha nuca quando retornei e vi minha chefe lendo o último texto que postei neste blog.
Pode parecer óbvio agora, mas não me ocorreu que deixar este site aberto, com um "BUCETA! CARALHO!" no meio da tela desbloqueada pudesse chamar a atenção de alguém. A gente vai vivendo e aprendendo.
Minha reação automática foi tentar explicar que aquele era apenas um texto idiota que um amigo tinha me enviado, mas o gênio aqui é o único membro deste blog que postava usando o próprio nome.
"Você também se formou em Letras. É arte. Você entende.", eu disse, sem muita confiança.
"Entendi sim. Entendi que você é um pervertido filho de uma puta."
"Acho que o mínimo que posso fazer é gastar o resto do meu VR te pagando uma cerveja, sabe, pra compensar ou sei lá."
Sinceramente, eu tava torcendo pra ela negar e me demitir por justa causa de uma vez. O VR na época era só 17 reais por dia e o pouco que conseguia economizar estava reservado pra um litrão de Cantinho do Vale, que seria entornado misturado com lágrimas. Sozinho. Jogando Pokémon Gold. Emulador, é claro.
"É o mínimo. Tem um lugar aqui perto que eu gosto. E a cada olhada que você der pras minhas pernas, vou pedir um drink mais caro."
A vergonha de ter sido exposto estava me causando pontadas de ansiedade no estômago. A ficha não caiu de que talvez eu pudesse ver um pouco mais de ação do que ganhar uma insígnia de um ginásio Pokémon naquela sexta. Murmurei um "T-tá bom, senhora.", e a segui enquanto ela caminhava em direção à saída.
Ela usava um vestido preto justo. O salto destacava suas panturrilhas definidas e pernas grossas. Sob a luz do elevador, as sardas de seus ombros ficavam mais visíveis. Os cabelos loiros curtos deixavam seu pescoço completamente exposto, que parecia ter uma gravidade própria da qual meu olhar não conseguia escapar. O cheiro do suor, típico de um final de sexta-feira, parecia fazer a temperatura do meu sangue aumentar a cada segundo. A ansiedade estava, aos poucos, sendo substituída pela vontade de beijar cada uma de suas sardas. Beijar e beijar, subindo lentamente para o pescoço e
"Acho que vou fazer você pagar meu almoço o mês inteiro. Só algumas bebidas é muito pouco. Eu sei muito bem como punir safados punheteiros como você."
A ameaça me tirou do transe. Se ela achava que conseguiria me intimidar, acertou. Meu VR mal dava pra mim, como conseguiria pagar o almoço dela?
"S-senhora por favor, eu vou passar fome."
"Era pra eu sentir pena de você? Vai ter que aprender a implorar melhor."
Meu medo era ser levado pra um bar de playboy. Na hierarquia do mundo corporativo, chefes raramente almoçam com os peões. Preferem frequentar lugares mais caros. Sem chance dela beber nos botecos boca de porco que eu frequentava religiosamente na Augusta, com seus preços populares e clientela bem vivida. Nem os passos confiantes e graciosos daquela mulher, com aquela bunda arrebitada pelos saltos que usava, se movendo de forma hipnotizante à minha frente, eram capazes de tirar da minha cabeça o terror de ter que pagar 50 reais numa caipirinha.
Na entrada do bar tinha até segurança de terno. Puxei minha chefe de lado e, quase chorando, disse que não tava com grana pra um lugar daquele. Perguntei, todo nervoso, se a gente não poderia ir pra um boteco raiz. "Não. Esse é o meu bar favorito e estou com sede."
"E se eu te compensar de outra forma? Eu posso fazer todo seu trampo por quanto tempo você precisar, talvez preparar suas marmitas por um mês, posso até lavar suas calcinhas se você quiser, por favor."
"Você vai fazer o que eu quiser?"
Pensei em responder "depende", porque né, vai saber no que ela tava pensando. Só sexo, como numa fantasia de pornochanchada, parecia bom demais pra ser verdade. Mas eu não estava em posição de negociar. Além de me demitir, o que sairia barato, ela podia mandar aquele texto pra todo mundo. Podia me denunciar pro RH. Chamar a polícia. Me prender.
"O que você quiser. Eu só não tenho grana pra gastar assim."
"Você vai se submeter às minhas vontades até eu julgar que você pagou pela putaria que fez? Vai se entregar totalmente aos meus comandos, sem questionar?"
"Sim."
"Então está combinado. Você vai fazer o que eu te mandar. E lavar minhas calcinhas. "
Algo no tom de voz que ela usou deu a entender que eu tinha me fodido.
Atendendo ao seu comando pra arranjar um local em que eu me sentisse confortável, fomos a um motel velho conhecido meu nos arredores do baixo Augusta. Fiquei aliviado por um tempo, pois no final das contas seria só a clássica dívida paga com sexo. Eu mal podia esperar pra mergulhar de cabeça na buceta dela e sentir aquelas pernas grossas apertando meu rosto e me fazendo derreter de suor. E a melhor parte: sobraria uns trocados no VR pra comprar meu Cantinho do Vale depois da madeirada. Uma rara vitória da classe trabalhadora.
Enquanto subíamos as escadas pro nosso quarto, um filme se passava pela minha cabeça. Minhas mãos agarrando a nuca dela, minha língua explorando lentamente seu pescoço enquanto o cheiro daquela pele me dominava e conduzia minhas ações. Meu pau quase rasgando nas calças, louco e desesperado pra ser engolido entre aquelas coxas suculentas, mas minhas mãos, boca, língua, com paciência, conhecendo cada curva, cada pêlo, cada gosto daquele corpo. A mão dela agarrando meu pau com força, seus olhos verdes fervendo cada célula minha e implorando pra eu tirar as roupas. Mas o meu maior desejo era sentir o gosto da buceta dela, e quando finalmente minha língua tocasse sua calcinha, nem Deus teria força suficiente pra separar meu rosto daquela xoxota. Nossos corpos entrariam em combustão instantânea de tanto gozar, a força tectônica dos orgasmos causaria tsunamis até em Minas Gerais, o primeiro sinal de vida inteligente que uma civilização alienígena a 300 anos de luz de distância detectaria seria a radiação gerada pela explosão do nosso climax, os gritos da minha chefe estourariam mais tímpanos que a erupção do krakatoa, nosso suor causaria o equivalente a 1500 anos de erosão do solo, a buceta dela apertaria minha rola com tamanha força gravitacional que ela colapsaria numa singularidade e ficaria mais dura que adamantium e a ruptura do espaço tempo me faria gozar simultaneamente em todos os multiversos, as unhas dessa mulher rasgariam completamente as minhas costas e o cheiro do meu próprio sangue misturado com o suor dela faria meu caralho latejar e vibrar numa velocidade de 7 vibrações por milésimo de segundo fazendo ela gozar mais vezes em 1 minuto do que todas as fêmeas de bonobos vivas em um dia, a potência da nossa voracidade sexual seria tamanha que geraria uma força telepática tão poderosa que o Professor Xavier começaria a orgasmar telepaticamente de forma descontrolada e conectaria as mentes de todos os homens e mulheres via Bluetooth telepático ao redor do mundo num êxtase coletivo, aviões cairiam, Cristiano Ronaldo erraria um pênalti enquanto se contorcia de prazer no chão, Donald Trump e Vladimir Putin perderiam o controle de tanto esporrar e apertariam o botão vermelho e o colapso nuclear mais delicioso deste canto do universo queimaria toda a humanidade em um cogumelo atômico do tamanho da pica do Cthulhu.
"Senta naquela cadeira. Eu vou no banheiro e já volto", ela me disse assim que entramos no quarto. Tudo que eu mais queria naquele momento era um gole de Cantinho do Vale, pra acalmar os nervos. A noite prometia ser longa.
Minha chefe voltou do banheiro carregando um livro. "Hmmm Kama Sutra... Chefe, eu não sabia que você era tão safada."
"Kama Sutra? Faça-me o favor. Isso aqui é a Bíblia Sagrada. E safada é o caralho. Alan, você é um punheteiro, pervertido, vagabundo, filho da puta. O que você precisa é de Jesus."
"Como assim, chefe? Tentando me converter num quarto de motel?"
"Eu preferia ter conversado sobre isso no meu bar favorito. Mas se você prefere um motel sujo e barato, quem sou eu pra julgar. A misericórdia de Jesus alcança até os antros mais profanos de pecado."
"Chefe, mas..."
"Alan, de agora em diante, você vai no culto todo domingo no meu templo. Você vai ler essa bíblia diariamente. E você vai lavar minhas calcinhas."
Peguei a bíblia, saí daquele quarto, passei numa adega, comprei meu Cantinho do Vale e fui pra casa jogar Pokémon Gold. Emulador, é claro.
Com o tempo, consegui me livrar de ir pra esses cultos. Mas minha chefe não permitiu que eu parasse de lavar as calcinhas dela, sob ameaça de imprimir todos os posts do Disque P Para Porno e enviar pra minha vó.
No começo desse ano, ela se mudou pra outro país com o marido e finalmente fui absolvido da minha punição. Se alguém estava se perguntando por que nunca mais postei nada, é isso aí.