Viro ator pornô, era o que eu costumava dizer a mim mesmo. Cansado do trabalho, do chefe, de acordar cedo, dessa rotina interminável, decidi levar essa idéia a sério. Pedi demissão, tirei uma semana de férias e depois comecei a procurar uma produção pornô pra fazer a minha primeira atuação. Eu me sentia confiante, pois sempre recebi elogios das mulheres sobre o meu corpo. É, modéstia à parte, sou um cara bonito. Consegui marcar um teste com um diretor de filmes adultos. Fiquei imaginando como seria. Quem sabe ele não pediria pra eu transar com uma das atrizes no sofá, igual no Boogie Nights?
Como a vida não imita a arte, o teste não foi tão divertido. Cheguei no estúdio, o diretor me cumprimentou e pediu pra eu abaixar as calças. Por um momento, tive medo de ser molestado. Porém, ser estuprado em um estúdio de filmes pornográficos pareceu apropriado naquela ocasião, mas esse pensamento não me confortou. Abaixei as calças, o diretor olhou pro meu pau e disse: “Desculpa, galã. Você não serve pro negócio.” Como se lesse meu pensamento, o diretor explicou: “Seguinte, teu pau não é pequeno nem nada disso,ok? Aliás, isso não seria um problema. Uma depilação, uns ângulos de câmera corretos e uma atriz esperneando “Oh, como é grande!” deixam o pinto de qualquer um gigante na tela. A questão é que o teu pau é feio. Você é bonito, mas sua piroca é feia que dói.”
Tudo bem, não era exatamente o que eu esperava ouvir e não devo ser culpado por não ter entendido nada. Mas segundo o diretor, os filmes pornográficos refletem a maneira como homens e mulheres vêem o sexo oposto em suas fantasias sexuais. Por isso as mulheres, nos filmes pornô, são lindas e submissas e os homens não passam de paus ambulantes. É fácil notar que não aparece muito dos caras além dos pênis e, quando aparece, é porque não havia ângulo melhor pra filmar a cena. Por essas razões, as mulheres precisam ser bonitas e putas na cama pra entrar no ramo pornográfico, enquanto os homens precisam apenas ter paus apresentáveis e aguentar o tranco por algumas horas de trabalho duro.
Saí do estúdio devastado. Uma coisa seria me chamarem de feio num teste pra Malhação ou qualquer outra novela. Pelo menos há um padrão de beleza como referência nesses casos e, na pior das hipóteses, eu poderia fazer umas cirurgias plásticas, contratar um personal trainer e ficar bonito. Agora, que porra é essa de pau feio? E o que seria um bonito? Algo me dizia que encontrar um cirurgião plástico especializado em pintos não seria muito fácil.
Fiquei obcecado. Perguntei a todas as mulheres que eu conhecia sobre o que é um pênis bonito. Insatisfeito com as respostas, eu abaixava as calças e pedia uma opinião mais detalhada. Fui processado algumas vezes por atentado ao pudor. Gastei a maior grana em G Magazine, tentando encontrar a solução pro meu dilema. Passei a beber muita cerveja pra dar vontade de mijar, ir ao mictório e comparar meu pau com os dos outros caras. Estudei obras de grandes pintores que retrataram a nudez masculina, mas não consegui encontrar ou entender o ideal de beleza piroquiana. Adquiri réplicas de pênis. Estátuas de deuses gregos. Toneladas de filmes pornográficos. Comecei a desenhar pintos, o fundo do poço. Comprei argila e gastei dias tentando modelar um pênis bonito. Até hoje não conquistei a minha resposta. Sem problemas, pelo menos tiro uma grana com a venda dos meus paus artesanais de argila.
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7 comentários:
pinto bonito não existe.
também acho.
achar pinto bonito é coisa de viado. homem que é homem se restringe aos três pontos erogenos principais da mulher e pronto.
Exato. Por isso não há pintos bonitos no texto. Nem perto disso.
Não existe pau bonito, mas existe pau menos feio.
A Pan entendeu.
Imagina se eu não entenderia. HAHA.
Tem uns paus desproporcionais que putaquepariu, não os desejo nem para o meu pior inimigo.
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