domingo, 3 de maio de 2009

9 Canções

Um dia desses ouvi falar sobre um filme pornô que havia sido selecionado para o festival de Cannes. Fiquei curioso pra ver, claro, pois filmes pornô só costumam ganhar o Oscar, e raramente são selecionados para festivais europeus de filmes cult.

Assisti a 9 Canções recentemente. O filme é uma merda. Eu deveria ter acabado este texto na frase anterior, pois merda é merda e eu não gosto de ficar discutindo sobre merdas. Mas hoje, excepcionalmente, estou me sentindo não-muito-preguiçoso, portanto vou dizer porque achei o filme uma grande pilha de cocô.

9 Canções já começa broxante, com um carinha filosofando no Pólo Sul, ou Pólo Norte, sei lá. Nesse ponto, eu ainda tinha esperanças de que o filme seria ao menos interessante, apesar de achar a idéia de sexo no meio do gelo, com pinguins passeando ao lado, não ser muito excitante.

Depois, show de rock de uma banda indie. Foi quando entendi o título “9 Canções”; eu teria que aguentar nove músicas indies, sem sequer ter a oportunidade de pedir pras bandas tocarem Raul.

Acho que o casal protagonista se conhece num desses shows e vai pra casa foder. É isso, ficam fodendo por dias e dias ininterruptamente. Não fazem amor, nem sexo, só fodem. Quando dá tempo, vão a um show de rock alternativo. Infelizmente, eles não fodem durante os shows.

A falta de roteiro me incomodou. Isso é uma coisa meio irônica, reclamar de falta de roteiro em filme pornô. Mas porra, esse filme foi selecionado para o festival de Cannes, enquanto “Eu Sou o Pau”, que tem um roteiro complexo e extremamente foda, não foi! Putaqueopariu, fiquei muito puto com isso.

“Mas as cenas de sexo, senhor Alan, dão pra manter o powerguido?” Absolutamente não. As cenas de sexo de 9 Canções são até que bonitinhas e bem filmadas, mas são uma droga. Eu fiquei me perguntando o que havia de errado com aquelas cenas. Seriam os atores? A mina é magrela e nem tem peitão. O cara aparece da cintura pra cima, fato que não pode acontecer em um filme pornô.

Mas não, os atributos físicos dos atores não são o problema. Eles são pessoas normais, beleza. Eu gosto de filmes amadores, então não tenho nada contra a gente de verdade em frente às câmeras. Na realidade, o que há de errado nessas cenas são outras coisas. Por exemplo, não há química entre os atores.

O casal é bem fraquinho, fazem sexo com nojinho. O cara nem pra dar uns tapas na bunda da mulher, virar ela de quatro e gritar “Oh yeah, biatch!”. A mina nem pra gemer e gritar “Harder! Harder! Cum on my face!”. Lamentável.

Faltam os absurdos surrealistas, tradicionais no gênero pornô. Tipo uma garota andando no meio da floresta, daí aparece o Pé-Grande, do nada, vestido de Carmen Miranda e pega a mulher e faz sexo por 3 horas seguidas com ela. Tá bom, não precisava de nada tão surreal assim, mas quando a coisa é muito realista e conservadora, como as cenas de sexo desse filme são, tudo perde a graça. O legal do filme pornô é ver coisas que não se vê ou faz todo dia.

Há um momento, porém, que rola um absurdo básico. O cara manda uma hipnose na mina no meio do sexo. Meu, eu nunca vi esse tipo de coisa na vida, caralho. Fiquei imaginando aquele sujeito que faz as pessoas comerem cebola fazer isso com a esposa dele no meio da transa.

Para o meu desgosto, entretanto, a tal da hipnose não foi bem explorada nessa cena. Se vocês pararem pra pensar um pouco, as possibilidades seriam infinitas. Depois disso, o filme volta à sua programação normal de sexo seguido de rock ruim. Tem uma hora lá que eles cheiram cocaína, mas não lembro se eles cheiram o pó um no corpo do outro. Talvez o diretor tenha achado que isso seria clichê, eu acho que teria quebrado um pouco da monotonia.

Não aguento mais ter que relembrar de 9 Canções. Apenas não assistam a esse filme e, se já assistiram, meus pêsames. Se foderam.

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