Assim como todas as artes, a pornografia também tem sua vertente menos comercial e propositalmente mais “artística”. No softcore tudo é, evidentemente, mais delicado, poético e frescurento. A fotografia é diferente, tem aquelas fumaças de gelo seco pra dar um clima misterioso à cena, trilha sonora mais elaborada (só músicas sublimes), e os atores exercitam suas habilidades teatrais interpretando personagens complexos que falam mais de 5 frases diferentes.
A câmera foca mais nos rostos dos atores, já que precisam evitar a sem vergonhice que acontece nas regiões baixas. É impressionante a habilidade dos diretores em conseguir evitar que pererecas e piu-pius apareçam em cena para chocar as pessoas de família que assistem a esses filmes. Claro, a grande graça de ver softcore é tentar vislumbrar um pedacinho do velho entra-e-sai, que vez ou outra acaba escapando aos olhos atentos do cameraman.
Esses filmes costumam ter um roteirinho básico também, com histórias muito bonitas e aventureiras. Tipo a de um esportista meninão que sai para uma aventura numa floresta com uma amiga, se perde e faz sexo com ela. É o estilo de roteiro que faz todo o sentido, já que eu gostaria de fazer sexo se eu me perdesse numa floresta com uma amiga, afinal, o que mais restaria pra fazer? Por essas e outras, muita gente gosta e se identifica com os softcores, pois não acontece nada absurdo como em filmes intitulados “Eu Sou o Pau”.
Naturalmente, o softcore é destinado a um público diferenciado. Pessoas que escutam MPB e Bossa Nova, assistem a filmes independentes, apreciam um passeio em galerias de arte e que são o José Wilker, preferem o pornô soft.
Deixem o povão com seus Alexandres Frotas e Carols Mirandas. Nós, intelectuais, queremos filmes de amor, não de foda, com movimentos delicados e reviravoltas nas tramas. Gostamos mais de longos planos-sequência e enquadramentos que captem o verdadeiro espírito do cinema. Queremos ver faces expressando o orgasmo, não fluídos corporais sendo esguichados por todos os lados. Mulheres elegantes e homens bem vestidos são mais legais que um bando de vadias e vadios pelados balançando peitinhos e pirocas.
Assistir a filmes pornô hardcore é o mesmo que ir ao cinema assistir a Transformers, ao invés de ficar em casa vendo uma maratona de Godard, Kurosawa e Stanley Kubrick ou ir ao teatro apreciar uma peça de Shakespeare.
Tá, parei. Prefiro ver Transformers no cinema. E filme pornô hardcore também.
(Eu gosto dos três diretores citados. Mas nada é mais legal que robôs gigantes. NADA!)
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3 comentários:
Odeio transformers e softcore (mais conhecido como roça-roça).
Eu quero é foda, e se possível um filme de foda com um roteiro bacana.
Mas a foda é primordial, pra mim.
Bom ponto de vista.
porra, uma vez me disseram que aquele filme, "The Dreamers", tinha mó putaria coisa e tal e, além disso, tinha um roteiro pensante.
Sinceramente? Tinha pouco dos dois. Prefiro ver coisas especializadas, tipo "Dersu Uzala" seguido por "Anûs Dilacerados 9".
Te enganaram, assim como enganaram a tantos outros.
O filme é uma boa porcaria, na minha opinião.
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